quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Como finalizar o jogo (ou o que não fazer)

Primeiro começa com o papo dos amigos. “Vou te apresentar um cara que é a sua cara”. “A fulana é gata. Vai estar lá hoje”. Aí eles se conhecem. Trocam olhares e uma conversa com pouco sentido. Jogam. Aí se aproximam e se pegam. Acontece simples assim. O jogo bem jogado tem como resultado no mínimo dois placares de 1x0.

No entanto, esse é só o primeiro ponto. O jogo só está começando e é importante estar atento para os próximos ataques e defesas. Se comparado com um jogo de videogame, o bom resultado consiste em passar de fase, ganhar bônus, achar uma fase extra, etc.

Claro que a partida só continua se houver um primeiro bom encaixe e se ambos jogadores sentirem uma química incitada, mesmo que seja para ser vivida por mais algumas horas. Mas, para essa competição ser astuciosa, é preciso ter o controle de informações, ações e da sedução. Apertar os botões certos na hora certa influencia o resultado.

Para o sexo masculino, o próximo passo óbvio é tentar fazer o bom uso das mãos e da boca. Para a mulher, é importante manter o domínio da situação nesses primeiros momentos. A boa jogadora não cede na primeira, nem na segunda, nem na terceira. Neste momento da disputa da conquista, a competidora usa a sedução para dominar e o domínio para seduzir.

Caso busque o melhor resultado, o outro jogador deve entender e ceder a esse domínio inicial. A partir do momento que a mulher esbanja confiança, cabe ao competidor do sexo masculino tentar conduzir os próximos movimentos. O bom uso das armas do jogo e a capacidade de convencimento são fundamentais para seguir em frente.

Se a jogadora se sentir a vontade, provavelmente vai aceitar a nova inversão de papéis. Isso não necessariamente pode ser traduzido como um pré-acordo para o sexo casual nos próximos minutos. É mais fácil entender isso como “ok, eu aceito entrar para o próximo nível do jogo”.

Quanto mais avançado fica o jogo, mais delicados se tornam os papéis dos participantes. Palavras e reações contam muito para contabilizar pontos ou direcionar para o game over. Se sentir abertura, ambos devem tentar ir além. Se sentir o bloqueio (e isso é provável que venha do lado feminino, embora não seja uma regra), não force.

É exatamente nessa hora que aparece o novo desafio para passar de fase. A nova fase pode ser alcançada ainda no mesmo dia ou pode ser preparada para ser jogada nos próximos encontros. Mas, para entrar nela, é preciso ter muito jogo de cintura e sagacidade. O jogador bloqueado deve encontrar a senha para desbloquear a fase. Talvez entender braile seja fundamental nessa etapa.

Ao serem bloqueados, os jogadores jamais devem tentar virar o jogo, se fazer de vítima ou se sentirem coitados(as). Alguns exemplos de situações para essa fase: se o jogador entrar no quarto com a moça, é importante que ele mantenha o controle e aperte os botões certos. Se for muito rápido, a jogadora vai sair pela porta secreta e o jogo volta para a primeira fase. Se for muito devagar, acontece o mesmo. E, convenhamos, a competição ainda não está perdida e seria um fracasso jogar fora tudo o que foi conquistado por uma jogada errada e uma palavra mal dita.

Se a garota se defender, não reclame e nem use expressões pejorativas (como: "você á uma menina", "você é uma adolescente"). Isso claramente não te dá direito a vidas extras e o provável é que vire um game over. A melhor opção é entrar em estado neutro e aceitar a dominação.

Descoberta a senha, os próximos passos para o triunfo dessa competição são poucos e simples. É importante manter a postura tida até então e torcer para correr para o abraço. Caso não consiga finalizar o jogo neste momento, mantenha a confiança de que esse resultado está próximo. Você com certeza vai ganhar vidas extras. Fim ou não, é importante tratar toda partida com a dificuldade de uma final e malandragem de um amistoso.E tem mais: basta finalizar com mérito uma vez, em qualquer nível de dificuldade, que será liberada uma fase extra no jogo.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mentira, verdade ou consequência?

Tá legal! Hoje é o dia de atualizar isso aqui e a história é sobre Filipe e um affair de verão.

Filipe é sagaz, dá vários tiros certeiros. Mas no quesito sexo sempre deixa a desejar. Consegue contar nos dedos de uma mão quantas meninas já tiveram a honra de ver seu corpinho e conta com os dedos das mãos e dos pés quantas vezes já fez essa prática.

Alguns dias atrás ele teve a chance de aumentar o campo de marcação para duas mãos. Acontece que Filipe reencontrou uma antiga paixão: Fernanda. Eles tinham se conhecido no final do ano passado. Se adicionaram no orkut, continuaram se vendo em festas, mas nada além disso. No entanto, a beleza da garota e o jogo já estabelecido foram suficientes para Filipe querer investir nessa história.

Fernanda é bem bonita. Nem muito baixa, nem muito alta. Cabelo curto, da forma que atraí Filipe. O corpo de Fernanda também chama bastante atenção, o que serviu de incentivo para levar a história em frente.

A garota não é novidade para o grupo de Filipe. Os melhores amigos dele, Mário e Carlos, já viveram algum tipo de romance com ela. Mas tudo bem juvenil: beijinho e boa noite. Filipe já havia abdicado da paixão por Fernanda para abrir caminho para os amigos. Mas o insucesso deles com ela no sexo estimulou ainda mais a paixão: o misto do intocado com o desafio de ser o primeiro seria o grande alvo daquele reencontro.

Cerveja para começar, mas nada como doses de tequila para continuar. Fernanda ainda estava na dela, antes da 2° dose de tequila. Começou a se soltar e corresponder as brincadeiras de Filipe. O jogo se tornou oficial. Se insinuaram o suficiente para o jogo ficar interessante. Fernanda foi ao banheiro da festa e Filipe foi atrás. Se beijaram num digno shark attack mútuo. Se pegaram mesmo. Seria o dia do grande triunfo de Filipe?

Saíram da festa e ele ofereceu carona. Ela aceitou. Mas ele sabia que esse sim dela não significava nada ainda. Mas eis que começaram a surgir os sinais de que poderia ser diferente: no meio do eixão, Fernanda pediu para parar o carro no acostamento e pulou direto para o banco do cara. No jogo, Filipe tinha acabado de ganhar um bônus. Do banco dele para o banco de trás, no meio do eixão: Filipe acabava de ganhar mais 2 vidas. Sua contabilização ia aumentar para duas mãos sem ainda ter usado nenhuma.

Mas obviamente ele não estava no céu e as coisas não seriam tão fáceis assim. Fernanda facilitou mas Filipe tinha que acabar. A tequila já tinha feito boa parte do trabalho por ele. De qualquer forma, como era de se esperar, Filipe não mandou tão bem assim. Cinco minutos depois já estavam de volta em seus lugares, a caminho de suas respectivas casas.

História suficientemente boa para Filipe se orgulhar. E suficientemente desastrosa para Fernanda se arrepender. No dia seguinte e até hoje ela nega qualquer movimento. Segundo ela, foram apenas para casa e nada mais. Já ele, insiste em contar.

Seria uma boa história? Ou uma boa mentira?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Direito ao "nunca"

Deixemos de hipocrisia, sejamos racionais. Qual o problema de dizer “nunca”? A palavra existe, está la no dicionário, é uma excelente forma de enfatizar uma idéia, por que não usá-la? Assim, sem razões plausíveis, não posso mais falar que nunca irei chutar uma velhinha dentro de um submarino? Nunca, jamais! - Na verdade, acredito que nunca irei chutar uma velhinha em hipótese alguma. Irei?

O que diriam os proféticos agora? Vou pagar com a língua pelo que disse? Ora bolas, deixem minha língua em paz, poupem-na de falácias proféticas. Línguas foram feitas para auxiliar a fala, mais que isso, são essenciais em uma boa refeição. Isso sem contar tantas outras mil utilidades que não ouso citar aqui.

“Nunca diga nunca” funciona para o “nunca farei isso” ou “nunca direi aquilo”. Mas não funciona para o “nunca ganharei na mega-sena”. Que mundo injusto é esse em que vivemos? Já não basta toda essas crises financeiras, as tsunamis, os terroristas, a degradação ambiental, ainda temos que nos preocupar com o tal do “nunca”? A vida não pode ser assim tão chata. Eu reivindico o direito de dizer que nunca gostarei de pagode e ser flagrado algum tempo depois ao lado de uma linda morena cantando “Samba Do Approach”. As pessoas mudam, a gente vive em constante desacordo com o passado, é normal.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Máscara

Existe uma técnica de jogo que é chamada de Máscara. Essa técnica não é das mais fáceis de executar, por isso mesmo não é muito comum observá-la em campo. Se você caiu aqui de supetão, deve estar se perguntando de que jogo estou falando? Ou pior, que diabo de máscara é essa?

Bom, o jogo é uma manifestação social que envolve basicamente todos os movimentos e atitudes das pessoas durante o flerte. O jogo ocorre com uma freqüência absurda, é sabido que até mesmo quando não percebemos, ele pode estar ocorrendo. Mas se você tem dúvidas a respeito do que é o jogo, sugiro parar para observar as pessoas em um bar, ou em uma festa. O jogo se fará notar subitamente, eu garanto. Se tudo der errado, leia isso.

Voltando à Máscara. É uma técnica que basicamente consiste em desinformar e omitir. O mascarado – jogador aplicando a técnica – é exatamente o tipo de cara que leva uma feminista para a cama mesmo ele sendo um machista incorrigível. Ele consegue esse feito memorável apenas por que é bom:

1) Em desinformar: Se faz parecer coerente, usa palavras de efeito com uma precisão cirúrgica e embora não esteja transmitindo informação alguma, parece muito bem embasado. Ex.: Não podemos esquecer que a expansão de nossa atividade nos obriga à análise dos índices pretendidos. Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados exige precisão e definição das formas de ação.

2) Em omitir: Qual a relevância para uma feminista saber que esta sendo paquerada por um machista? Bom, para o mascarado essa é a diferença entre o sexo e a frustração.

Isso tudo não significa que a técnica é infalível. A falibilidade da técnica é conhecida e possivelmente calculável. Os estudos mostram que o mascarado costuma falhar na mesma proporção em que seu alvo cria mais interesse em dialogar que flertar. É exatamente por esse motivo que não é difícil frustrar um mascarado. Se compreendermos que no flerte todas as conversas estão no âmbito superficial, que especificações e detalhes de informações normalmente inerentes à determinados assuntos acabam suplantados por interesses maiores como o sexo e a conquista, fica fácil revelar o rosto por de trás da mascara com uma ou duas perguntas menos subjetivas. Algo como: "O que achou do discurso ‘Ain't I A Woman?’ de Sojourner Truth em 1851?"

A técnica da mascara é difícil exatamente por que é exigido um nível de controle absurdo de informação. Você não pode deixar seu alvo se interessar tanto assim na conversa ao ponto da conquista em si acabar ficando em segundo plano, e mesmo assim tem que mantê-lo interessado, dentro de sua área de ataque. É como equilibrar um cabo de vassoura na mão esquerda enquanto se brinca de ioiô com a direita. Uma hora o cabo cai ou o ioiô não sobe, os riscos são grandes.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Rally Universitário

No ano passado, eu e a Preta participamos do Rally Universitário Fiat. Graças a mim, a gente mandou muito bem. E pra quem não viu, aqui está a matéria que eu escrevi sobre a competição, que saiu no Jornal de Brasília de 5 de outubro de 2009. Essa é a versão original, sem cortes e sem edição.

"Há alguns meses, fui convidada a participar do Rally Universitário Fiat. Nunca tinha cogitado a idéia. Em princípio, não fui muito otimista, afinal nunca tinha participado de uma competição off-road. Meu amigo Diego Campos que formaria a equipe comigo esteve na edição de 2008 e garantiu que valia a pena. Aceitei por ser um fato novo para mim. Ontem, conferi que o rally de regularidade é uma diversão garantida e não é preciso ser nenhum profissional para conseguir um bom resultado. Além disso, participei de um momento histórico para o evento, que bateu o recorde de participação em Brasília, com 264 equipes inscritas pela rede mundial de computadores.

Diego seria o piloto e eu, a navegadora da equipe ZZ Sagaz. A minha dupla até tentou me explicar os símbolos da planilha utilizada na competição. Falou um pouco do vocabulário, com nomes específicos como lomba (lombada) ou eros (erosão), que facilitam o entendimento durante a prova. Mas confesso que, apesar da pose de sabichona, eu estava meio tensa com a idéia de participar.

O Rally aconteceu ontem, mas a preparação começou ao meio-dia de sábado. Fomos ao mercado para comprar as latas de leite e o brinquedo, itens exigidos para a inscrição. Tudo o que fosse arrecadado seria doado para três entidades do Distrito Federal. Esse é um fato muito legal, que demonstra a preocupação social do evento. Ao todo, foram arrecadados 1516 latas de leite e 396 brinquedos.

Às 12h45, chegamos ao local da inscrição que começava, de fato, às 13h. Lá iríamos retificar a inscrição feita pelo site há dez dias e receber o kit da equipe, com camisetas e adesivos para colar no carro. Fomos a 3ª equipe universitária a efetivar esse processo. O número do nosso carro era “44”.

Em seguida, participamos de uma aula de navegação, gratuita, onde aprendemos oficialmente os termos da prova e como traduzir a linguagem da planilha. Durante uma hora, a organização do evento ensinou o que era um rally de regularidade, que é basicamente cumprir o roteiro de velocidade e tempo propostos na planilha. A competição não é de velocidade. Ao contrário, quem corre ganha ponto. E quanto mais ponto, mais distante do pódio.

Domingo, às 8h da manhã, eu e outras 378 pessoas estávamos no local de largada. Fomos recebidos com um café-da-manhã vistoso. Reencontrei muita gente, vi famílias competindo juntas e muitas mulheres (ao todo, foram 130 na competição). Uma equipe com três mulheres me chamou a atenção. Emilia Borges, Sandra Lima e Adriana Morais estavam competindo na categoria Turismo. Elas tinham, respectivamente, 53, 52 e 43 anos. “Minha filha falou que devíamos participar e ficamos curiosas”, contou Emilia. “Participamos de muitas outras coisas juntas, como coral, jogos”, revelou Sandra, que também é participa de um motoclube.

Em seguida, a planilha de navegação foi entregue e o diretor de prova leu ponto a ponto com todos os competidores. Tudo foi muito rápido e logo já era a hora do primeiro carro largar, as 9h31. No rally, as equipes largam com distância de um minuto entre os tempos. Largamos as 10h05.

A adrenalina inicial é inegável. Mesmo com a planilha em mãos, não sabemos ao certo para onde vamos. Só temos certeza do tempo que vamos ficar no carro. Ontem, esse tempo era de 3h52m. A minha tarefa a princípio era muito fácil: eu precisava ler as informações de velocidade, tempo e referências ao longo do percurso e orientar a minha equipe. Mas a prática é bem mais complexa que a teoria. Entre uma e outra informação, a distância era de 10, 15 segundos. Ai a certeza da confusão: quando ia avisar de uma “lomba” no caminho, ela já era. Tinha ficado pra trás há 200 metros.

Com o tempo fui pegando o jeito e a equipe ganhou um profissionalismo instantâneo. “Velocidade 37! Aperta! Placa a direita aos 30m02s”. De repente, era como eu tivesse toda a sagacidade da competição. Vimos alguns carros se perderem, atrasarem. Mas acho que no rally o importante é ter convicção no caminho que a sua equipe está seguindo. Além de cumprir corretamente as indicações da planilha.

Foram 145 km de percurso, com trecho no asfalto e na terra. Nesse último é a melhor parte. O carro fica um pouco sujo, mas o trajeto é seguro. As 13h57 estávamos de volta. Eu estava exausta, mas super animada com a competição.

A noite saiu o resultado. Ficamos em 9º lugar da categoria. Nada mal para navegadora de primeira viagem. Não ganhamos premiação do evento: esses eram exclusivos dos cinco primeiros de cada categoria. Mas meu pai, que tinha duvidado de mim, garantiu que me levaria para jantar se eu ficasse entre os 30 primeiros. Espero poder escolher o lugar."

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tipo um dialeto

- Fi
- Digalá
- My broder, tu n sabe o q rolou lá na festilha pegadora. Nego rachou, ficou muito loki. Altas pegaciones. Mo lombra!
- Di rocha
- Fi, taligá a Keyla? Ela tava lá. Foi com um bicho. Um bolha zz. Ai eu tava de boa e do nada ela me levou pra cozilha. Ai começou mo DR bintchen zela. A bicha deu o zig no mlk e ficou na xaropação mor comigo.
- Kao, fi!
- Serio, fi! Xaropação prega du merd. DR ZZ! Ai só. Do nada ela veio e me deu um beijo. Cabuloso, fi! Selvagem!
- Kaoooo, fi! Kao, kao!!! Tu ta zuando!
- Sério, velho! Broder! Cabulas!!! Ai não sei, só sei que do nada nego mandou o vra. Cabulouso!
- Fi! Aoooonde! Que kaozeiro ZZ! hahaHAHAHAHAHAhahaha! Kao, fi! Só, sóoo! Kao!!!!
- Sério! Mandei bem! Pode me chamar de El Rei!
- Affff! Velho, só. Na real, acho que a Keyla que mandou bem. Ela jogou e venceu. Jogou como jogadora compulsiva e venceu como jogadora sagaz. Ela conduziu o jogo. Tu foi zz esparrado, taligá?!
- Oxi! E tu? Se acha sagaz?
- Isto!
- Falooooooo sagaz!
- Falooooooo zz!
- Falooooooo faloooooo!
- Falooooooo faloooooo faloooooo!
- Falooooooo faloooooo faloooooo faloooooo eterno!
- Só.
- Só sei que foi anarquia calanga cabulosa. Tão sagaz como neguinho dançando Thriller.
- Faloooooo Michael Jackson!
- Hehehehe...
- Boto fé, velho. Sagaz! Hein, bora morcegar? Tu pilha?!
- Belessa! Buera!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Rap do Amor

Novamente venho aqui publicar um texto que, enfim... "Publiquei esse texto há muito tempo atrás, em outro blog, mas achei interessante publicá-lo novamente devido a minha falta de assunto. Blá blá blá..."

Essa é uma "música" que escrevi junto com um amigo meu, fizemos tudo por e-mail num momento ocioso do trabalho. Segue...


*

Estale os dedos enquanto eu mando a rima
Não perca o tempo e mantenha a batida
Destino? pode ser a minha sina
Mas sempre vencerei no fim da partida

(Eu) Posso te agredir e fazer com que você apanhe
(Eu) Faço isso sem derramar uma gota do meu champagne
Caralho, sou violento, abusado, sou um agressor
Te digo mais... "Obina é melhor que Eto" Faz terror

Faço esse verso para me desculpar
Meu peito não tem carne, tem cimento
E minha capacidade de convencimento
É igual minha vontade de zoar

Meu nome é Fernando, destruição é meu pecado
Marmanjo barbado, entenda meu recado
Eu amo meus erros, e abomino minha perfeição
Pra você me vencer vai comer muito feijão.

Não apareça no meu bairro não apareça na minha área
Os fazendeiros só comentam sobre a gripe aviária
Escute "o rap quando bate nunca sente dor"
Quebro geral, não perdôo, o meu nome é gladiador

Abomina. Vai, vai...
Minha sina!

Agora todas as garotas do espaço,
Façam um circulo, eu quero um abraço
Vem de ré que eu vou na contra-mão
Deu mole, aperto logo o bundão

De grão em grão a galinha vira pato.
Eu debulho em dois, em um ato
Segue a batida sem vocalização,
Foda-se, vai... Continuem essa canção...

(Ai o vocalista joga o microfone pra platéia e a batida segue sem fim)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Tatuagem digital

Às vezes senhas antigas são que nem tatuagens. Calma, eu explico! É que tenho uma senha antiga, registrada em um desses serviços de internet com um e-mail que nem existe mais. Por esse motivo não consigo fazer a troca da mesma, pois o e-mail de confirmação nunca chega a minhas mãos. Assim sendo sou obrigado a conviver com essa senha até hoje, como uma tatuagem. E nem posso retocá-la.

Na verdade nem me incomoda verdadeiramente, só acho interessante refletir sobre o assunto, pois meus métodos, ou melhor, meus critérios para criação de senhas já mudaram muito e hoje convivo com essa relíquia do meu passado ingênuo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Feliz Edital

Já é do nosso conhecimento que os meninos mandam muito bem na música. Mas me desculpem os violeiros, bateristas, as bandas e afins... O post de hoje é totalmente dedicado ao talento do Cabralzinho, que ficou público esta semana.

Fernando Cabral, o calango cantador candango, inscreveu uma de suas músicas no Festival Candango Cantador. A música foi classificada para a segunda fase do festival, que acontece no próximo dia 26, em Planaltina.

Ao todo 45 músicos do DF foram selecionados e seguem para a próxima etapa, onde os músicos se apresentarão ao vivo e serão julgados por um júri formado pela cena musical local. As apresentações acontecem sexta, sábado e domingo. Em cada um dos dias, quatro músicos serão selecionados para a etapa final, que acontecerá no dia 3 de outubro, no Museu Nacional, com shows de Elza Soares e Farofa Carioca.

Cabral vai apresentar ao vivo "Feliz Edital", a música inscrita para o Festival. A letra é ótima e o som ficou massa. Dá pra conferir nesse vídeo:



A música e a letra são dele mesmo. Para a execução e os arranjos, o pessoal colaborou: Cabral (Violão e Voz), Felipe Castelar (Baixo, Voz, Guitarra e Teclado) e Gustavo Fiuza (Bateria, Percussão e Voz).
No vídeo, a animação, arte e produção também são do Cabral.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tempo bom que não volta nunca mais?

O texto a seguir não é de autoria minha, mas sim de um amigo meu. Obviamente não concordo com tudo o que está escrito, tão pouco discordo completamente. Vamos divergir para então concluir.


*

Se você for olhar hoje sua coleção de CDs, vai acabar encontrando alguns bons discos e outros nada a ver e vai se perguntar “por que eu tenho isso e por que eu não ouço mais?”. Já percebeu como nossos gostos musicais vão mudando com o tempo?

Estava conversando sobre isso ontem com a amiga Juliana Boëchat (futura editora-chefe do Correio Braziliense). Ela falou que gostava muito de Red Hot Chilli Peppers quando era menor, mas hoje mal escuta. Eu lembrei que o primeiro CD de rock que eu comprei foi um do Red Hot, o Blood Sugar Sex Magik, um dos CDs mais importantes dos anos 90. Naquela época eu não fazia idéia do que eu tinha em mãos, não tinha noção musical nenhuma. Acho que comprei o CD porque tocava algumas músicas no rádio, eu era facilmente influenciado por qualquer coisa. Cheguei a vender esse CD num sebinho em 98 ou 99, pois não ouvia mais. Aí no começo desse ano, voltando de viagem, eu, Popota, Fiuzete e Dreidou colocamos esse CD pra ouvir e fomos discutindo sobre ele. Ouvi de uma forma completamente diferente, reparando em muitos detalhes, percebendo porque esses caras mandaram tão bem e conseguiram fazer com que esse CD tivesse tanta importância na história da música.

Outro CD que coloquei esses dias pra ouvir foi o Loco Live do Ramones. Foi meu primeiro contato com punk rock. Lá pra 1992 – eu acho – eu tinha uma fita que gravei com algumas músicas desse CD. Tinha só as músicas mais rápidas, porque foi o que eu tinha gostado. Não tinha nem idéia do que eu tinha deixado de fora, não entendia nada. Hoje, 17 anos mais tarde, eu o escuto de uma maneira diferente também. Nessa mesma lombra de não saber o que eu estava ouvindo e hoje eu sei também incluo Guns‘n Roses e até Nirvana. O Nevermind faz parte das MP3 que eu levo no carro. Já entrando em tempos mais recentes (coisas com no máximo uns 5 ou 6 anos), há também algumas bandas que chegamos a dizer que era a favorita e hoje não temos a mínima vontade de ouvir. Lembrei do SUM41. A galera curtia, achava irado. Agora a banda sumiu e não sei de ninguém que ainda escute isso. Eu mesmo sequer tenho MP3 perdida em algum lugar. A Ju me disse que faz tempo que não escuta a banda favorita dela e isso foi de poucos meses pra cá. Porque será que deixamos de ouvir isso, se gostávamos tanto? Tá, eu sei que em alguns casos que são bem recentes, foi só uma cansadinha, e daqui a pouco a gente volta a ouvir. Não duvido nada que daqui um tempo eu vou parar de ouvir Story of the Year, que é minha banda favorita no momento. Mas e essas que não dão vontade de ouvir mais? Tem algumas que até fazemos questão de não ter mais na coleção, tipo Simple Plan. Em 2002 ninguém sacaneava Simple Plan. Depois que apareceu NX Zero e começaram a sacanear que tudo era emo, quem iria dizer que curtiu essa banda?

Às vezes acho que hoje, com tanto acesso fácil a músicas novas, não só para ouvirmos e conhecer como também para bandas novas disponibilizarem, é tanta coisa que ficamos perdidos e até com certa preguiça de procurar algo novo. Também tem muita coisa igual, que ta na moda, e gera trocentas bandas do mesmo jeito, sem criatividade alguma. Olha o Strike, por exemplo: nego é tão cara de pau que copia tudo do Blink 182. Mesmos instrumentos, mesmos timbres...

Está cansado das músicas que estão no seu carro, iPod, etc? Porque você não dá uma chance pras músicas bem mais antigas que você tem? Vá dar uma revirada nos seus CDs, relembre um pouco. Às vezes pode ser que você não ache algo bom, mas pelo menos você vai poder relembrar algumas coisas do seu passado, mas também pode achar algo muito legal, que se você colocar pra tocar no carro junto com um brother, ele vai curtir e falar “Caraca!! Das antigas esse! Era muito doido né?”, e você vai curtir de uma maneira diferente.

E se você não achar nada, baixa uns CDs dos Beatles que resolve.

Diego Campos
Publicitário

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Brother

Amizades são importantes para a vida. Acho até que é uma das três relações mais importantes (as outras talvez sejam a família e um romance). Defendia que, se houvesse um ranking, a amizade estaria no 2° lugar, ameaçando muitas vezes ocupar a 1° posição – que já é lugar da família, pré-estabelecido pelos nossos ancestrais. Mas mudei de opinião esses dias, depois de defender fielmente o meu ranking para um amigo. Ele contestou.

“Gabi, essas relações não competem. Elas fazem parte da vida”

É, é verdade! Amizade, família e romance não competem. As vezes prevalecem, mas não competem. Se completam. E, na real, acho que esses três pontos são os pilares da vida. O verdadeiro tripé!

Pode falar: não é demais levar suas melhores amigas para um feriado na chácara da família? Ver aqueles seu tios bêbados fazendo piadas sem sentido e a avó falando da missa do último domingo. E todo mundo acolhendo aqueles seu pilares, antes só seus, como parte da família. Tão bom quanto ligar para o amigo chorando depois do fim de um romance, falar mal de todos os homens e ele concordar, fortalecendo um dos três pés. Sair de casalzinho (você, seu amigo(a) e as respectivas paqueras) é ZZ. Mas é sensacional ver aquelas quatro pessoas, que muito em breve podem nunca mais se ver, interagindo com uma naturalidade ímpar.

Ok. Definitivamente se completam! Mas como eu gosto dos meus rankings e este foi fadado ao fracasso, transferi o meu direito de escalar as coisas para a medição do grau de uma amizade. Explico. Pessoas legais aparecem o tempo todo na nossa vida. Algumas ficam amigas na mesma hora, como se fosse uma coisa sublime que contava os dias para acontecer. Outras precisam de um tempo para se conhecer e ganhar confiança. Acho que situações que nos deixam no limite psicológico ou físico também são ótimos cenários para encontrar pessoas parceiras. Mas, no fundo, nem deve existir um jeito certo ou ideal para começar uma amizade. Elas começam. Na faculdade, no trabalho, no agito, no avião. Que seja! Esse não é o ponto que quero discutir.

O que eu levanto aqui é: como saber quando uma amizade é esparrada e vale a pena e quando você vê que aquela pessoa que tanto almeja a sua companhia (ou vice-versa) ainda não atingiu os níveis necessários para a tal interação? Não tenho as respostas para isso, mas dentro do meu contexto e do contexto de quem convive comigo, fiz alguma escalações:

- Um amigo é brother quando te liga de madrugada, bebasso e não fala nada com nada. E você atende com o telefone com o maior prazer. E vice-versa.

- Uma demonstração massa de amizade é em um evento. O seu brother ta se divertindo. A jogatina rolando solta. Você não. O bicho que você curte tá lá nos beijos e abraços com outra. Mas o seu brother é tão brother que vai embora do agito na mesma hora. E vice-versa.

- Brother é brother quando, no jogo, te ajuda a jogar ou acabar o jogo. Por exemplo, quando você quer expulsar a garota do apê (uma Keyla da vida) e o seu amigo fica mandando mensagens pra você, fingindo ser uma ex-namorada ou algo do tipo. O brother colabora para a construção de uma situação irreal. E ajuda a sustentá-la. E vice-versa.

- Em tempos de lei seca, dá pra saber quem é brother quando a pessoa se oferece para ser o amigo da vez. Te pega em casa, se diverte com você e te deixa em casa. Sem xaropar. E vice-versa.

- Ainda no item carro, o brother é brother quando te empresta o carro para ser o cenário do jogo, para ser o verdadeiro love machine. E vice-versa.

- Entre homem e mulher, a amizade é massa quando a conversa flui, sem pudores mesmo. Quando neguinho fala de tudo e se entende. Ou não. Nessas relações é como se fossem anjos conversando, já que eles não tem sexo. E vice-versa.

- Em uma conversa do msn, dá pra perceber se a pessoa é brother se você manda um ctrl V de uma conversa alheia sem o menor pudor. Com essa pessoa, dificilmente vai rolar um ctrl C da conversa (a não ser que seja para um brother em comum e com o mesmo nível de amizade). E vice-versa.

- Brother é brother simplesmente pelo fato de mandar a real sempre. Por mais dura que seja.

Existem outros critérios. Óbvio. Mas por enquanto esses foram os que eu consegui lembrar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Jogo

O jogo é uma competição contra você mesmo com o objetivo primário de mascarar uma intenção, mas que na verdade visa ressaltá-la indiretamente. Sim parece um paradoxo, mas não é. Está mais para um “ei, olhe pra mim enquanto eu finjo que não to nem ai pra você”.

O segundo objetivo do jogo é ser bem sucedido na conquista de um par. Vale ressaltar que o segundo objetivo, apesar de interessante, não está hierarquicamente acima do primeiro. Ambos compõem a essência do jogo, mas se você não mascara suas intenções, então você não está jogando. Em contrapartida se você mascara, mas não finaliza a conquista, então você jogou. Isso pode sim acontecer e nesse caso você deverá ser enquadrado em uma das duas categorias: “O jogador compulsivo” ou “O jogador ZZ”.

O jogador compulsivo é aquele que por mania, vicio ou costume, joga mesmo sabendo que não pode finalizar a conquista. Geralmente são jogadores comprometidos ou então solteiros frustrados por questões morais. Irmãs de amigos, amigas da ex-namorada ou amigas da mãe podem servir como exemplo de alvos deste ultimo caso.

O jogador ZZ joga por que tem que jogar, mas ele nunca – ou quase nunca – consegue finalizar a conquista. Isso se deve pelo fato de ser um péssimo jogador. Até quando não está jogando, o ZZ manda mal. A origem do termo vem de “zero a zero”, como uma referência a um placar sem resultados.

Existe também o Jogador nato, ou Jogador sagaz. Esse jogador se caracteriza por jogar tão bem, que fica difícil saber se está realmente jogando ou não. É importante lembrar que, quanto melhor você for em cumprir o primeiro objetivo, mais difícil será reconhecê-lo como um jogador. Temos aqui uma causa-conseqüência interessante: O jogador bom aparenta não jogar de fato. Esse jogador raramente é notado em um evento qualquer.

Salvo a exceção, não é difícil observar alguém jogando. Basta entrar em um ambiente descontraído, de alta diversidade sexual, para encontrarmos pessoas jogando. Bares, boates, festa, shows entre outros, são bons locais para começar. O flagrante será certo. Mas não podemos deixar de fora locais comuns como uma padaria, uma calçada, o parque da cidade ou uma academia qualquer – o sagaz costuma se dar bem em locais assim.

Além dos jogares, temos mais duas categorias por fora do jogo, mas previstos nas regras: O “sagaz puro” e o “ZZ puro”. É importante entender essas categorias, pois eles influenciam diretamente no ambiente de jogo.

O sagaz puro é aquele cara que não precisa mais jogar. Ele simplesmente pega e não pega pouco. É muito difícil uma pessoa comum, de nosso dia-a-dia, ser um sagaz puro – mas pode acontecer. Essa categoria geralmente é composta por celebridades, jogadores de futebol e famosos em geral. Nunca tente jogar na presença deles, você irá fracassar.

O ZZ puro, ao contrário da categoria anterior, é aquele cara que simplesmente desistiu ou sequer tentou começar a jogar. É caracterizado por pessoas comuns, geralmente desprovidas de libido e com certa deficiência-social. Você pode jogar na presença deles, mas tenha cautela. Os ZZ puros podem se tornar muito instáveis emocionalmente, principalmente se seu jogo objetivar algum amor platônico dos mesmos. Nesse caso, meu caro, você pode perder muito mais que uma bela noite de amor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Teste machista, preconceituoso e vertical

Não tinha nada para fazer e então resolvi inventar um teste. O processo de criação foi simples, abri um chat com uma menina qualquer – não tão qualquer assim – e pedi para ela responder algumas perguntas básicas. O nome fictício dela será Keyla:

1. Três palavras aleatórias?

2. Dois cenários quaisquer?

3. Um estilo de vida?

4. Coloque em ordem de importância as seguintes palavras: Sexo, dinheiro e Amor.


Obviamente o teste é machista, preconceituoso e vertical. Isso significa que cada um usa as informações obtidas da forma mais conveniente possível, livre de regras. Então vamos ao resultado.

Para a primeira pergunta, a Keyla respondeu: Preguiça, tédio e amor. O que isso nos diz? Bom, diz sobre o estado de espírito dela no momento em questão. Ela provavelmente estava morrendo de preguiça por estar em um local indesejado, principalmente por ser entediante. No entanto, para preservar suas fraquezas qualidades femininas, deixou registrado o amor – no universo feminino o amor existe.

Na segunda pergunta obtive: Praia e Disney. Provavelmente os locais onde ela gostaria de estar no momento, talvez por querer se ver livre do tédio e da preguiça. Eu diria que foram boas escolhas, então teremos que eliminar essa pergunta na próxima vez.

A terceira pergunta foi mais subjetiva: “Calça jeans e óculos escuro, de boa, sem preocupação, não precisa ser rico. Conforto, uma viagem massa por ano, amigos e família unida.” Fica claro nesse trecho que ela descreve um parceiro na primeira parte e logo em seguida descreve como seria a família com o mesmo. Talvez isso reflita um medo inconsciente de ficar sozinha, como um complexo psicológico da solidão onde a cura seria o amor utópico-patológico.

Por fim, mas não menos importante, a ultima pergunta. “Amor, dinheiro e sexo”. O que posso dizer? Elas valorizam em primeiro lugar algo tão subjetivo e complexo quanto à própria cabeça feminina. Depois, não tão incrível assim, vemos o dinheiro, bem a frete do sexo. Interessante como isso se encaixa perfeitamente na cabeça masculina. Um macho-alfa padrão colocaria sexo na frente de dinheiro e por fim o amor – talvez por isso seja mais fácil um homem pagar por sexo e talvez por isso seja mais fácil a mulher vender.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Brasília

Brasília. A cidade sonhada por Dom Bosco e concretizada por Juscelino Kubitschek. A cidade das nuvens doidas, das linhas planejadas, das ruas largas. A moderna capital federal, localizada a mais de 1000 metros acima do nível do mar, cercada por calangos e políticos. Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco e berço de lendárias bandas de rock, como Legião, Paralamas e Capital. São quase 50 anos de muito glamour, secura e, por que não, provincianismo? Sim, isso mesmo. Que me desculpem os fiéis defensores de que a cidade de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer é o grande avanço do país das últimas cinco décadas e ponto. Mas, apesar dos mais de 2 milhões de habitantes, a capital também se define como uma cidade interiorana.

Antes de qualque coisa, vou me explicar. Não sou adepta ao pensamento de que Brasília não tem opções culturais, turísticas ou para o lazer. A capital tem tudo isso. Que o digam as milhões de opções do Centro Cultural Banco do Brasil, os sambas, rocks e criolinas espalhados pela cidade. Os bares. A inclusão no circuito da moda e do turismo nacional. Sem contar as infinitas cachoeiras, parques e animais, que dão uma oportunidade incrível de contato com a natrueza. Claro que isso sequer beira a perfeição. Estamos longe da praia e os melhores shows internacionais raramente chegam por aqui. Mas desafio alguem à encontrar uma cidade perfeita. Enfim, Brasília tem sim seus atrativos.

Também defendo que a cidade em formato de avião decolou no quesito intelectualidade. Aqui estão belíssimos formadores de opinião (para o bem ou para o mal). Os críticos de cinema, música, futebol e política não são necessariamente famosos. Estão sentados nos bares da Asa Norte, da Asa Sul. São pessoas que conhecemos à 5, 10 anos e frequentam a intimidade de nossas casas. Também não era para menos. O antro da política tem uma faculdade em cada esquina. Óbvio que isso não quer dizer muita coisa. Mas ainda assim dá pra salvar coisa boa de alguns que se classificam como curso superior (in)completo.

No entanto não é de nada disso que eu estou falando. Em julho de 2005, a comunidade “Brasília tem três pessoas” foi criada no orkut. Hoje o grupo tem 9.955 membros. Na descrição, diz o seguinte:
“Brasília tem três pessoas: Eu, você e alguém que a gente conhece.

- Vc já ficou com uma amiga(o) da sua(seu) ex-namorada(o) sem nem saber que elas/eles se conheciam?
- Já contou pra um brother que ficou com uma mulher "show de bola" e nessa hora descobriu que era a irmã caçula dele?
- Vive dando de cara com seus amigos em casas de outros amigos de círculos totalmente diferentes?
- Já se pegou falando mal de alguém e descobriu que os dois eram brothers/parentes...eita, essa é boa!!..huahuahuahuahua.”


É exatamente isso que quero dizer quando defino a cidade como uma metrópole interiorana. Aqui você pode viver os avanços civis, sociais e tecnológicos mas tudo bem longe do anonimato. Aqui todo mundo se conhece. Arrisco em dizer que Brasília é quase que uma galera só. O seu novo affair ser amigo do irmão da sua amiga (e vocês nunca terem se visto nos últimos três anos) é algo extremamente comum. Tão rotineiro quanto encontrar, por acaso, todas as pessoas sérias do seu trabalho em um show, num domingo a noite, à céu aberto em frente a Torre de TV.

Também acho difícil dividir os grupos por profissão. Publicitários andam com jornalistas que, por suas vez, são amigos de psicólogos que andam com engenheiros. Estes andam com biólogos, advogados e médicos. Os arquitetos andam com estatísticos que andam com músicos. E por aí vai.

Os bares e casas de amigos são o melhor cenário representativos para o fato. É incrível como você parece conhecer cada pessoa por lá. E quando você troca idéia com uma pessoa até então "desconhecida", fatalmente você chega ao seguinte diálogo:
- Ah! Que legal! Então você conhece fulano?
- Conheço! Fulano é amigo de ciclano, não?
- Sim! Ciclano! estudei com ele na 5° série.

Fatalmente esse diálogo existirá. Em Brasília você se sente seguido e observado o tempo todo. E juro: isso não é sintoma de algum tipo de síndrome do pânico ou de perseguição. Aqui você é conhecido sem nunca ter tido um único feito histórico. É incrível. Ou não.

As vezes tudo isso é bem contraditório. Brasília tem o maior número de vizinhos antipáticos por metro quadrado. Pessoas que moram perto há mais de 10 anos facilmente resumem o seu histórico de conversa em “bom dia” ou “boa noite” (se é que tiveram diálogo ao longo desses anos). Mas ainda assim, quando estão dispostos a uma conversinha, é fato que encontrarão amigos, gostos e até paqueras em comum. Vai dizer que não?

terça-feira, 28 de julho de 2009

Mamãe eu sou ateu

Eu publiquei esse texto há muito tempo atrás, em outro blog, mas achei interessante publicá-lo novamente devido a minha falta de assunto. Obviamente dei uma melhorada, mudei algumas palavras, mas mantive a alma do assunto – Alma? Saravá.


*

Metade de uma família está jantando. A refeição? Um suculento carpaccio – basicamente carne crua com molho de mostarda e parmesão. Ainda é cedo, começo da noite. Muitas coisas estariam por vim.

- Meu filho, por que você não usa um escapulário?

O garoto se contorceu por dentro. Ele sabe o que é um escapulário e sabe mais ainda que não usaria um. Como prosseguir essa conversa sem causar desconforto?

- Mãe, não seria coerente fazer isso.

Não foram as melhores palavras, embora as mais simples, mas foram suficientes para mexer com o orgulho materno. Talvez seja inadmissível a idéia de que usar um escapulário seja incoerente. Algumas pessoas podem se ofender seriamente com isso.

- Claro que seria coerente. É pra te proteger.

A imaturidade de um jovem não sabe lidar com esse tipo de afirmação. Para que ele precisaria de proteção? Proteger-se do que afinal?

Seu senso de humor logo começou a funciona, passaram pela cabeça uma dúzia de respostas interessantes, e com certeza essa foi uma das respostas que ele não deu.

- Me proteger do que? De bala perdida? De político ladrão?

Seriam boas idéias, dadas as circunstâncias atuais do país, mas sabemos que precisamos muito mais do que fé para solucionar esses problemas.

- Mãe, você sabe que não acredito nessas coisas.

Ela já ouvira falar realmente, mas não acreditava que poderia ter um filho assim. Isso não fazia parte dos seus planos. Impulsiva, não se conteve:

- Acredita sim, você ainda tem muito que aprender. Você vai ver!

Esse tom profético já causa espasmos cerebrais em pessoas céticas, mas o que doeu mesmo foi o tratamento descompassado com a idade da cria.

- Mamãe, eu sou ateu.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Brincadeira na churrascaria

A história que vou contar aconteceu numa famosa churrascaria de Brasília. Não era a mais cara, mas era bem conceituada. A carne de la é boa, o rodízio é bem completo e o preço o mais acessível da cidade. Na época um amigo meu trabalhava como garçom – era ele quem servia a alcatra e era ele o personagem central dessa lorota.

Gabriel é um sujeito baixo, gente boa e bem desenrolado com as mulheres. Apesar da sua altura poderíamos considerá-lo um cara pegador, um macho semi-alfa entre seus amigos.

Como em todo local de trabalho, na churrascaria há hierarquia e cargos. Os funcionários almejam a ascensão e um desses caminhos passa pela anatomia bovina. O sistema é complexo, mas basta entender que o garçom que serve picanha é mais experiente que o da maminha.

Gabriel servia Alcatra, estava bem na hierarquia, mas trabalhava apenas meio período – o período da noite. Era como um freelancer da carne, o contrataram assim, mas assim não queria ficar. Ele queria carteira assinada e queria crescer. Quem sabe picanha, que sabe metri.

Certa quarta-feira, no começo do expediente, seu chefe o chama e diz que iria mudá-lo de área, digo, de carne. A partir de segunda iria servir cupim.

- Que grande bosta! Vou servir carne gordurosa. Fui rebaixado – pensou Gabriel com toda sua testosterona a flor da pele.


Mas era pior que isso. O cupim é uma carne pouco apreciada, bem gordurosa. Apenas os gordos e peludos a solicitam. Nada de jovens e belas malhadas do lago sul, nada de peitudas e seus decotes. Ninfetas nem pensar. Como poderia dar aquela olhadinha por cima, da posição privilegiada e superior de um digno garçom de alcatra. E sim, era ainda pior. Ele teria que trabalha no período integral, mas nada de carteira assinada. Nada de um salário à altura. Nada de porra nenhuma.

Gabriel então teve uma idéia. Iluminou-se por dentro, respirou fundo, encheu o peito de ar. Algo de macho bem alfa o impulsionou em direção ao chefe, como um lobo que desafia a hierarquia, que se prepara para uma luta, prestes a destronar um rei.

- Ó, se vocês me quiserem em período integral, podem me contratar. Quero carteira assinada.

Foi a maior de todas as atitudes profissionais do garoto. Ele enfim virará homem, sua transformação estava completa. Poderia sair de la sem emprego, mas sairia como homem. Viril e sagaz, cheio de autoconfiança. Um alfa dominante.

O chefe o olhava por cima dos óculos, a cabeça ligeiramente inclinada para frente. O contato visual foi forte e intenso. No instante em que se preparava para dizer algo, Gabriel hesitou:

- É brincadeira!

Tchau atitude, o garoto voltou. Dava até para sentir o cheiro de testosterona queimada. A pressão do moleque caiu, o suor tomou conta do corpo. Suas mãos tremiam. O pênis encolheu, suas bolas foram parar no intestino. Acho que ele até menstruou naquela hora.

O chefe, apesar de sério, até ria por dentro. Talvez ele admirasse o senso de humor do garoto. Do ponto de vista do poder, foi até engraçado.

- Calma rapaz, você está no caminho certo. Ta chegando a sua hora.

Gabriel é sujeito esperto. O cara é inteligente e poucas vezes ele encaixa uma frase no lugar errado. Nesse dia ele encaixou a segunda.

- Ta, mas é brincadeira viu?

terça-feira, 21 de julho de 2009

Primeira impressão

Lembro até hoje da primeira vez que comi sushi. Não gostei. Bastou um pedaço de salmão enrolado no arroz, que quase não cabia na minha boca, para me causar uma ânsia inexplicável. Jurei que nunca mais ia chegar perto daquilo. Em vão. Alguns meses depois lá fui eu, de novo, me aventurar na arte de comer os pedacinhos crus. Dessa vez consegui engolir e até arrisquei umas estratégias para pegar o hashi. Mas confesso que o gosto continuou incomodando. Acho que só lá pela quarta ou quinta vez eu me apaixonei. E deu no que deu. Hoje passo por algo parecido com uma crise de abstinência quando fico mais de um mês sem chegar perto daquele peixinho cru.

***

Bebi o primeiro gole de cerveja quando eu tinha uns 13 anos. Foi ridículo. Estava saindo de uma cachoeira com meu pai, na caçamba de um carro. Além de nós dois, mais uns cinco amigos bêbados dele e um isopor cheio de latinhas de cerveja, das mais geladas que se pode imaginar. O sol era escaldante e ninguém tinha levado uma mísera garrafa de água (porque será que homens mais velhos, barrigudos e fedorentos sempre acham que é um arraso andar com cerveja do lado, até em um dia de programa saudável embaixo de um sol insuportável?). Lembro direitinho. Influenciada por zilhões de propagandas, achava que cerveja e sol eram a combinação perfeita. Primeiro pedi autorização para o meu pai. Depois abri a latinha com a maior sagacidade, me sentindo uma pessoa de 16 anos. Foi então que bebi um golão com a maior sede do mundo. E o redondo não desceu redondo. Fiquei com gosto ruim na boca.

Passaram alguns anos para eu ter outra experiência com cerveja. Consegui beber mais de um gole, mas ainda assim não era lá essas coisas. O copo não era meu, apenas estava de bituca na cerva de outra pessoa. E foi lá pela quinta vez que eu tive um copo só pra mim e finalmente bebi com gosto. Depois disso, corri para o abraço. Vodka causa amnésia, cachaça causa ressaca e cerveja causa alegria. Até hoje.

***

Café era ruim. Só bebia em café-da-manhã de hotel. E tinha que ser da seguinte forma: uma xicarazona de leite com um dedinho de café. Café preto e puro era suicídio. Até que eu comecei a fazer curso de inglês às 14h, depois do almoço. O sono era inevitável. Comecei a fugir dos cochilinhos com balas de café. O gosto era tão ruim que eu até acordava. Ainda era resistente à bebida. Mas foi em um dos estágios, na época da faculdade, que eu mudei de opinião. Tinha aquele garçom, que servia um copo de água e um cafezinho às 14h e as 16h. Comecei com um copinho só no primeiro horário. Depois comecei a aceitar um golinho no meio da tarde. Não demorou muito e já pedia o duplo (um copo com a quantidade igual ao que cabe em dois copinhos). Hoje beber o cafezinho faz parte da rotina diária básica. Acordar, tomar banho, escolher a roupa, tomar café e por aí vai...

***

O leite de soja foi uma das minhas experiências mais recentes de má impressão na primeira vez. Li em vários lugares que era mais saudável e blá blá blá. Fui nessa. Encarei logo puro. Credo! Se ser saudável era aquilo, estava fazendo a minha escolha pela vida movida por frituras e gorduras. Mas a escolha durou dois, três dias. Pensei que o esforço valeria a pena. Mais um copo e nada. E foi lá pela quarta vez que eu bebi tranquilamente um copo de leite de soja. Depois bebi com Nescau, com Toddy, com Ovomaltine. E confesso: sinto muita falta quando abro a geladeira e não tem uma caixinha dele sorrindo pra mim.

***

Essas foram algumas das minhas más primeiras impressões que eu consigo lembrar (e que podem ser divulgadas). Por pior que parecessem, consegui encontrar um prazerzinho mínimo em tudo isso. E depois se tornaram totalmente compatíveis à minha vida.

Acho que é assim também com as pessoas. As vezes por fora são feias (como o scada), mal humoradas (como o preta), zz (como o zete) e até mau caráters (como a keyla). Mas no fundo tem coisa boa... tem que ter! As vezes a amizade não nasce na primeira conversa, o amor não aparece no primeiro olhar e você não é contratado na primeira entrevista. Mas vale a pena tentar descobrir as coisas boas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

No avião

Sentei na 12E. Do meu lado, presidente de uma ONG.

- Oi!
- Oi!

1h30 de viagem. Tempo mais que suficiente para ganhar uma nova amizade.

- Você vai sempre pra lá?
- De vez em quando. E você?
- Uma vez por ano, representar a ONG num evento. Vou a convite.

Seis anos de diferença.

- Você trabalha?
- Trabalho. E você? Tem outra coisa além da ONG?

Dava aula. Se fantasiava de vovó e ensinava as crianças a se prevenirem da dengue.

- Gosta de festa?
- Gosto sim. Sempre bom. E você?

Era popular. Recebia convite para todas as festas da cidade. Já tinha ganhado prêmio de miss por três anos consecutivos. Contou das roupas que usou em casa uma das competições.

- Você namora?
- Não, não namoro. Vc?
- Namoro. Já faz mais de um ano.
- Como vocês se conheceram?
- Pela internet. Marcamos um encontro e tudo aconteceu.

Começaram a namorar depois de uma semana.

- Gosto quando ele fica de cueca branco. Fica lindo.
- Hmm...
- A gente brigou ontem. Ele não queria que eu fosse. Acha que eu vou trair. Até parece.
- Ele não vai?
- Não. Ganhei a passagem. Ele não acreditou

Serviço de bordo. Cachorro-quente e refrigerante para acompanhar a conversa.

- Posso usar a sua mesinha? Não consigo abrir a minha...

Tinha uns quilinhos a mais.

- Quando eu fui miss, não tinha esse corpo. Mas o prêmio não é só pela beleza. Simpatia, figurino e presença de palco também contam.
- Legal.
- Mas acho muito importante que a mulher se arrume, independente de uma competição. Tem que se maquiar, se produzir.

Deu algumas dicas de como passar blush e qual o tom certo de pó para cada pele.

- Obrigado.

Apertamos os cintos. O avião pousou.

- No domingo, você e seus amigos podiam ir lá.
- Quem sabe? Vou falar com eles...
- Ai você me procura! Vamos trocar MSN! Qual o seu?
- Anota o seu aqui.

Anotou o MSN e o Orkut. Se apresentou como Grampola. Ela era ele. Presidente de uma ONG GLS, três vezes miss Drag Queen e namorado de Pedro. Ganhou de empresários passagem de ida e volta à São Paulo, além da estadia na Av. Paulista. Estava indo para a Parada do Orgulho Gay.

Nos despedimos no aeroporto mesmo. Cada uma seguiu seu rumo. Não nos falamos mais. No domingo à noite, vi Grampola pela última vez. Apareceu num programa popular da TV aberta:


3m15s

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Astrologia: Mapa astral

Ta legal. Vou falar de astrologia. Minha parceira de blog e eterna amiga me autorizou, então eu vou soltar o verbo – não que eu precise da autorização dela, só estou querendo evitar surpresas.

Concordamos que poderíamos ficar rico com isso, cada mapa astral custa em média R$ 70,00, mas decidimos por fazer um favor à utilidade pública. Então ao invés de explorar, iremos revelar a verdade – como se a verdade não estivesse clara.

*

Segundo o site Porto do CéuO mapa astral é como uma impressão digital, ninguém possui um igual ao de outra pessoa. (...) A posição dos planetas do sistema solar dentro dos signos do Zodíaco (...) formaram um desenho único, simbolizando os vários planos da sua psique, a sua vida prática e realidade espiritual. [sic]”. É desse mapa que eles tiram o seu signo, seu ascendente, o descendente e até o dente-de-leite. Alguma dúvida?

Eu tenho algumas: Eles utilizam os conhecimentos astronômicos para descrever a psique e o espírito de cada indivíduo? E quando a astronomia muda de idéia, os astrólogos também mudam? Se a astronomia apresentar novos fatos, as influencias astrológicas também se renovam?

Bom, até a crise de 29 – o crash da bolsa de Nova Iorque – ninguém conhecia Pluto. Para quem não sabe, Pluto é o mascote do Mickey e ele tem esse nome por um motivo muito interessante. A mulher de Walt Disney sugeriu que o nome do simpático cão fosse alterado de forma que pegasse carona na mais nova descoberta científica da época: A descoberta de Plutão, em fevereiro de 1930. Então meus caros, Pluto e Plutão ficaram conhecidos apenas após o crash da bolsa. Antes disso qualquer mapa astral sofria de sérias imprecisões. Imagino que um mapa astral sem um planeta seja como um mapa-múndi sem um continente. Certo?

- Ok, agora que está tudo certo, vamos navegar. Já temos nosso mapa-múndi completo, tudo o que preciso é seguir em linha reta e descobrirei a América.

E la se foi a humanidade, reta e certa como uma flecha, em direção a verdade aparente. E o que encontramos?

- Uma ilha! Mas era pra ser um continente. Esse mapa aqui previu um continente. Onde erramos?

Essa surpresa deve ter sido bem desagradável. É que aconteceu uma mudança. Até 2006 Plutão era classificado como um planeta normal, mas acontece que a descoberta de vários corpos celestes de tamanho comparável, e até mesmo de outro objeto maior no Cinturão de Kuiper, fez com que a União Astronômica Internacional decidisse considerá-lo apenas como um "planeta-anão" – coitado de Pluto, ainda bem que Walt Disney não viveu para ver isso.

Mas Plutão não estava sozinho, ele foi classificado juntamente com Éris e Ceres, este último localizado no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter. Alias, Ceres já foi considerado um planeta, mas após a descoberta de corpos celestes semelhantes na mesma área do sistema solar, foi reclassificado como um asteróide por mais de 150 anos.

- Assim não da, meu mapa astral já ta ficando todo zoado.

Isso sem contar Netuno, que também é uma descoberta recente de 1846, ou Urano que já é mais velho, descoberto em 1781 - dizem que Papai Noel mora la, essa história de pólo norte é furada.

A verdadeira Astrologia analisa o Mapa do Céu de uma pessoa, que possui todos os signos, além dos ‘planetas’ do sistema solar, cada um representando um plano da psique humana. [sic]” (Porto do Céu)


Leia pausadamente: Cada planeta representa um plano da psique humana. Agora segure o riso.

Segundo minhas fontes, existem 88 constelações conhecidas, mas para a astrologia só 12 são úteis, ou fazem efeito. Por que? Eu não sei! Tudo o que sei é que das 13 constelações Zodiacais, eles só precisam de 12. Algo deve acontecer de muito grave para eles ignorarem Ophiuchus, o Serpentário. Essa constelação é representada por um homem segurando uma Serpente. Sempre as serpentes, todos têm implicância com elas.

Então vejamos, a astrologia é uma “ciência” que ajuda, mas não explica a psique e o espírito humano. Ela se baseia no alinhamento de corpos celestes arbitrários, todos atestados pela astronomia, e afirma que isso influencia a nossa forma de viver. Da astrologia podemos tirar o mapa astral que custa R$ 70,00, mas nada do que ele diz é preciso e quando acerta é algo que você já sabia. E ainda tem gente que paga por isso?

Bom, to cobrando metade do preço para contar uma piada por dia e o dobro para contar uma mentira. Se no final do ano eu tiver contribuído com a felicidade da humanidade, isso significaria um lucro bruto de R$ 12.775,00. Mas com R$ 51.100,00 a felicidade seria minha.

Por esse post, mereço R$ 35,00 ou R$ 140,00?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Domingo no Morumbi

Antes de qualquer coisa, que surra foi essa que o Santos levou? Alguém anotou o número da placa? Gabi, eu já te falei antes e digo novamente, o Santos não fede nem cheira. Parece o Botafogo no Rio. Sem contar o nome, que não diz nada, não é nada, apenas o plural de algo que o São Paulo seria, caso existisse.

*

Domingo fui ao Morumbi, ver meu time jogar – estou falando do Mengão é claro. O público era pequeno, fora do estádio não havia confusão e as torcidas estavam bem misturadas. Confesso que não esperava por isso.

Na entrada uma mulher toda de branco panfletava, logo imaginei o tipo de coisa, o título do texto dizia “O Fim do Mundo 21 de Outubro de 2011 [sic]”.

- Fim do mundo será se o meu Mengão meter uma goleada no São Paulo hoje!

Foi então que decidir ler o que estava escrito no texto:

“O propósito deste folheto é para informá-lo de uma grande urgência que existe em todo o mundo e é para que todos devam se reconciliar com Deus. A Bíblia é a Palavra de Deus. (...) [sic]”


Parei na bíblia. Quaisquer argumentos pautados nos textos bíblicos não me interessam. O mundo não acabou em abril de 2008, também não acabou em 2000, em 1997 passou reto e com certeza em 2011 o Mengão será penta-carioca.

Não entendo como um livro pode estar errado há mais de 2000 anos e ainda ser uma referência moral. Essas coisas rendem bons livros.

Então la fui eu, me infiltrei na torcida bambi com a camisa do Mengão por baixo do casaco - a área destinada ao rubro-negro já estava lotada. Adrenalina pura! É horrível reprimir 20 anos de instinto treinado para gritar gol ao ver seu time vencendo. Inevitavelmente a gente acaba pulando e no instante seguinte temos que soltar um palavrão bem profano.

- Putaaa que o pariu desgraçaaa! MALDITO.

No fundo a gente rir. Mas minha felicidade durou pouco, logo o São Paulo empatou.

- Issooooo... (Gritei)
- Filho da puutaa! (Pensei)

A angústia me dominava, mas eu seguia torcendo. No meio do jogo o placar anunciava os resultados de outros jogos, o tricolor carioca perdia. O Paulista poderia seguir o mesmo rumo.

- Pênalti para o Flamengo. Não acredito.

Saquei a câmera, já estava ficando abusado, até me lembrei da mulher de branco e o juízo final. Decidi que iria filmar o gol, Adriano iria bater. Eu já tinha tudo em mente: Adriano bate; Gol do Mengão; Maior torcida do mundo em chamas. Segue o resultado:



Mais uma vez soltei uma daquelas palavras bem pejorativas e sujas. Eu nem acreditava, o urubu iria reinar em pleno Morumbi e eu teria que blasfemar contra meu time até que me visse longe do estádio.

Para a minha sorte – estou sendo irônico – o São Paulo empatou o jogo e tive que me contentar com o empate. Embora ainda ache que o Flamengo merecesse a vitória, provei mais uma vez que o mundo não acabou nesse domingo e muito provavelmente não acabará em outubro de 2011. Até la, seremos penta-carioca!