terça-feira, 21 de julho de 2009

Primeira impressão

Lembro até hoje da primeira vez que comi sushi. Não gostei. Bastou um pedaço de salmão enrolado no arroz, que quase não cabia na minha boca, para me causar uma ânsia inexplicável. Jurei que nunca mais ia chegar perto daquilo. Em vão. Alguns meses depois lá fui eu, de novo, me aventurar na arte de comer os pedacinhos crus. Dessa vez consegui engolir e até arrisquei umas estratégias para pegar o hashi. Mas confesso que o gosto continuou incomodando. Acho que só lá pela quarta ou quinta vez eu me apaixonei. E deu no que deu. Hoje passo por algo parecido com uma crise de abstinência quando fico mais de um mês sem chegar perto daquele peixinho cru.

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Bebi o primeiro gole de cerveja quando eu tinha uns 13 anos. Foi ridículo. Estava saindo de uma cachoeira com meu pai, na caçamba de um carro. Além de nós dois, mais uns cinco amigos bêbados dele e um isopor cheio de latinhas de cerveja, das mais geladas que se pode imaginar. O sol era escaldante e ninguém tinha levado uma mísera garrafa de água (porque será que homens mais velhos, barrigudos e fedorentos sempre acham que é um arraso andar com cerveja do lado, até em um dia de programa saudável embaixo de um sol insuportável?). Lembro direitinho. Influenciada por zilhões de propagandas, achava que cerveja e sol eram a combinação perfeita. Primeiro pedi autorização para o meu pai. Depois abri a latinha com a maior sagacidade, me sentindo uma pessoa de 16 anos. Foi então que bebi um golão com a maior sede do mundo. E o redondo não desceu redondo. Fiquei com gosto ruim na boca.

Passaram alguns anos para eu ter outra experiência com cerveja. Consegui beber mais de um gole, mas ainda assim não era lá essas coisas. O copo não era meu, apenas estava de bituca na cerva de outra pessoa. E foi lá pela quinta vez que eu tive um copo só pra mim e finalmente bebi com gosto. Depois disso, corri para o abraço. Vodka causa amnésia, cachaça causa ressaca e cerveja causa alegria. Até hoje.

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Café era ruim. Só bebia em café-da-manhã de hotel. E tinha que ser da seguinte forma: uma xicarazona de leite com um dedinho de café. Café preto e puro era suicídio. Até que eu comecei a fazer curso de inglês às 14h, depois do almoço. O sono era inevitável. Comecei a fugir dos cochilinhos com balas de café. O gosto era tão ruim que eu até acordava. Ainda era resistente à bebida. Mas foi em um dos estágios, na época da faculdade, que eu mudei de opinião. Tinha aquele garçom, que servia um copo de água e um cafezinho às 14h e as 16h. Comecei com um copinho só no primeiro horário. Depois comecei a aceitar um golinho no meio da tarde. Não demorou muito e já pedia o duplo (um copo com a quantidade igual ao que cabe em dois copinhos). Hoje beber o cafezinho faz parte da rotina diária básica. Acordar, tomar banho, escolher a roupa, tomar café e por aí vai...

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O leite de soja foi uma das minhas experiências mais recentes de má impressão na primeira vez. Li em vários lugares que era mais saudável e blá blá blá. Fui nessa. Encarei logo puro. Credo! Se ser saudável era aquilo, estava fazendo a minha escolha pela vida movida por frituras e gorduras. Mas a escolha durou dois, três dias. Pensei que o esforço valeria a pena. Mais um copo e nada. E foi lá pela quarta vez que eu bebi tranquilamente um copo de leite de soja. Depois bebi com Nescau, com Toddy, com Ovomaltine. E confesso: sinto muita falta quando abro a geladeira e não tem uma caixinha dele sorrindo pra mim.

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Essas foram algumas das minhas más primeiras impressões que eu consigo lembrar (e que podem ser divulgadas). Por pior que parecessem, consegui encontrar um prazerzinho mínimo em tudo isso. E depois se tornaram totalmente compatíveis à minha vida.

Acho que é assim também com as pessoas. As vezes por fora são feias (como o scada), mal humoradas (como o preta), zz (como o zete) e até mau caráters (como a keyla). Mas no fundo tem coisa boa... tem que ter! As vezes a amizade não nasce na primeira conversa, o amor não aparece no primeiro olhar e você não é contratado na primeira entrevista. Mas vale a pena tentar descobrir as coisas boas.

4 comentários:

  1. A pala com sushi eu to naquela de tentar outra vez, e a do café eu nunca achei ruim.
    Mas aí Gabi, e as que não podem ser divulgadas? uahuahuahauhau

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  2. Sempre bebi café, leite de soja é ruim pra caralho e cachaça merece mais respeito. Agora falar que a Keyla tem coisa boa no fundo, essa foi ridícula. No fundo, no fundo, só tem merda...
    E quanto às más primeiras impressões que não podem ser divulgadas?

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  3. Meus caros! São histórias propícias apenas para mesas de bar.

    Grata.

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  4. Uhauahuahuah! Eu tava pensando em fazer um comentario sutil quanto ao assunto que o scada falou, mas acho que ele teve mais a manha, portanto vou ficar na minha.. haha Agora confesso que sushi eu fui gostar tem tipo uns 3 meses depois da terceira tentativa eu boto fé!

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