quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Máscara

Existe uma técnica de jogo que é chamada de Máscara. Essa técnica não é das mais fáceis de executar, por isso mesmo não é muito comum observá-la em campo. Se você caiu aqui de supetão, deve estar se perguntando de que jogo estou falando? Ou pior, que diabo de máscara é essa?

Bom, o jogo é uma manifestação social que envolve basicamente todos os movimentos e atitudes das pessoas durante o flerte. O jogo ocorre com uma freqüência absurda, é sabido que até mesmo quando não percebemos, ele pode estar ocorrendo. Mas se você tem dúvidas a respeito do que é o jogo, sugiro parar para observar as pessoas em um bar, ou em uma festa. O jogo se fará notar subitamente, eu garanto. Se tudo der errado, leia isso.

Voltando à Máscara. É uma técnica que basicamente consiste em desinformar e omitir. O mascarado – jogador aplicando a técnica – é exatamente o tipo de cara que leva uma feminista para a cama mesmo ele sendo um machista incorrigível. Ele consegue esse feito memorável apenas por que é bom:

1) Em desinformar: Se faz parecer coerente, usa palavras de efeito com uma precisão cirúrgica e embora não esteja transmitindo informação alguma, parece muito bem embasado. Ex.: Não podemos esquecer que a expansão de nossa atividade nos obriga à análise dos índices pretendidos. Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados exige precisão e definição das formas de ação.

2) Em omitir: Qual a relevância para uma feminista saber que esta sendo paquerada por um machista? Bom, para o mascarado essa é a diferença entre o sexo e a frustração.

Isso tudo não significa que a técnica é infalível. A falibilidade da técnica é conhecida e possivelmente calculável. Os estudos mostram que o mascarado costuma falhar na mesma proporção em que seu alvo cria mais interesse em dialogar que flertar. É exatamente por esse motivo que não é difícil frustrar um mascarado. Se compreendermos que no flerte todas as conversas estão no âmbito superficial, que especificações e detalhes de informações normalmente inerentes à determinados assuntos acabam suplantados por interesses maiores como o sexo e a conquista, fica fácil revelar o rosto por de trás da mascara com uma ou duas perguntas menos subjetivas. Algo como: "O que achou do discurso ‘Ain't I A Woman?’ de Sojourner Truth em 1851?"

A técnica da mascara é difícil exatamente por que é exigido um nível de controle absurdo de informação. Você não pode deixar seu alvo se interessar tanto assim na conversa ao ponto da conquista em si acabar ficando em segundo plano, e mesmo assim tem que mantê-lo interessado, dentro de sua área de ataque. É como equilibrar um cabo de vassoura na mão esquerda enquanto se brinca de ioiô com a direita. Uma hora o cabo cai ou o ioiô não sobe, os riscos são grandes.

Um comentário:

  1. A técnica da máscara é inerente ao início do jogo. A estratégia, quando bem aplicada, deixa mais emocionante. É exatamente isso: "equilibrar um cabo de vassoura na mão esquerda enquanto se brinca de ioiô com a direita".
    Mas bota fé que quando o jogo vai além dos 45 do 2º tempo, a máscara tem que cair? Aliás, quando se prolonga nem sei se pode mais ser chamado de jogo. Pode? Acho que não. O objetivo passar a ir além da superficialidade, o que te obriga a tirar a máscara.
    Acho que o bom jogador consegue manter o equilíbrio e a coerência total com o papel assumido no início do jogo e com o que pode ser mais tarde. A partir desse pressuposto, qual a distância real entre o superficial e o que é de fato? Ou melhor, existe alguma distância ou apenas a ausência do completo? Será que existe a evidência supervalorizada apenas do que é "interessante" para o jogo?
    Compliquei?

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