quinta-feira, 30 de julho de 2009

Brasília

Brasília. A cidade sonhada por Dom Bosco e concretizada por Juscelino Kubitschek. A cidade das nuvens doidas, das linhas planejadas, das ruas largas. A moderna capital federal, localizada a mais de 1000 metros acima do nível do mar, cercada por calangos e políticos. Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco e berço de lendárias bandas de rock, como Legião, Paralamas e Capital. São quase 50 anos de muito glamour, secura e, por que não, provincianismo? Sim, isso mesmo. Que me desculpem os fiéis defensores de que a cidade de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer é o grande avanço do país das últimas cinco décadas e ponto. Mas, apesar dos mais de 2 milhões de habitantes, a capital também se define como uma cidade interiorana.

Antes de qualque coisa, vou me explicar. Não sou adepta ao pensamento de que Brasília não tem opções culturais, turísticas ou para o lazer. A capital tem tudo isso. Que o digam as milhões de opções do Centro Cultural Banco do Brasil, os sambas, rocks e criolinas espalhados pela cidade. Os bares. A inclusão no circuito da moda e do turismo nacional. Sem contar as infinitas cachoeiras, parques e animais, que dão uma oportunidade incrível de contato com a natrueza. Claro que isso sequer beira a perfeição. Estamos longe da praia e os melhores shows internacionais raramente chegam por aqui. Mas desafio alguem à encontrar uma cidade perfeita. Enfim, Brasília tem sim seus atrativos.

Também defendo que a cidade em formato de avião decolou no quesito intelectualidade. Aqui estão belíssimos formadores de opinião (para o bem ou para o mal). Os críticos de cinema, música, futebol e política não são necessariamente famosos. Estão sentados nos bares da Asa Norte, da Asa Sul. São pessoas que conhecemos à 5, 10 anos e frequentam a intimidade de nossas casas. Também não era para menos. O antro da política tem uma faculdade em cada esquina. Óbvio que isso não quer dizer muita coisa. Mas ainda assim dá pra salvar coisa boa de alguns que se classificam como curso superior (in)completo.

No entanto não é de nada disso que eu estou falando. Em julho de 2005, a comunidade “Brasília tem três pessoas” foi criada no orkut. Hoje o grupo tem 9.955 membros. Na descrição, diz o seguinte:
“Brasília tem três pessoas: Eu, você e alguém que a gente conhece.

- Vc já ficou com uma amiga(o) da sua(seu) ex-namorada(o) sem nem saber que elas/eles se conheciam?
- Já contou pra um brother que ficou com uma mulher "show de bola" e nessa hora descobriu que era a irmã caçula dele?
- Vive dando de cara com seus amigos em casas de outros amigos de círculos totalmente diferentes?
- Já se pegou falando mal de alguém e descobriu que os dois eram brothers/parentes...eita, essa é boa!!..huahuahuahuahua.”


É exatamente isso que quero dizer quando defino a cidade como uma metrópole interiorana. Aqui você pode viver os avanços civis, sociais e tecnológicos mas tudo bem longe do anonimato. Aqui todo mundo se conhece. Arrisco em dizer que Brasília é quase que uma galera só. O seu novo affair ser amigo do irmão da sua amiga (e vocês nunca terem se visto nos últimos três anos) é algo extremamente comum. Tão rotineiro quanto encontrar, por acaso, todas as pessoas sérias do seu trabalho em um show, num domingo a noite, à céu aberto em frente a Torre de TV.

Também acho difícil dividir os grupos por profissão. Publicitários andam com jornalistas que, por suas vez, são amigos de psicólogos que andam com engenheiros. Estes andam com biólogos, advogados e médicos. Os arquitetos andam com estatísticos que andam com músicos. E por aí vai.

Os bares e casas de amigos são o melhor cenário representativos para o fato. É incrível como você parece conhecer cada pessoa por lá. E quando você troca idéia com uma pessoa até então "desconhecida", fatalmente você chega ao seguinte diálogo:
- Ah! Que legal! Então você conhece fulano?
- Conheço! Fulano é amigo de ciclano, não?
- Sim! Ciclano! estudei com ele na 5° série.

Fatalmente esse diálogo existirá. Em Brasília você se sente seguido e observado o tempo todo. E juro: isso não é sintoma de algum tipo de síndrome do pânico ou de perseguição. Aqui você é conhecido sem nunca ter tido um único feito histórico. É incrível. Ou não.

As vezes tudo isso é bem contraditório. Brasília tem o maior número de vizinhos antipáticos por metro quadrado. Pessoas que moram perto há mais de 10 anos facilmente resumem o seu histórico de conversa em “bom dia” ou “boa noite” (se é que tiveram diálogo ao longo desses anos). Mas ainda assim, quando estão dispostos a uma conversinha, é fato que encontrarão amigos, gostos e até paqueras em comum. Vai dizer que não?

11 comentários:

  1. Sendo um invasor do "quadradinho", anti-social e ZZ master, até que eu não tenho muito dessa coisa de brasiliense. Não conheço ninguém da minha rua, e nem cumprimento metade do agito.
    Palha é você comentar com um amigo: "Po, aquela mina é style!", e ele diz "Já peguei".

    Gabi, mesmo você insistindo que há diversas opções culturais na cidade, a quantidade de vezes que você citou "bar" me leva a continuar pensando que no final das contas, o que sobra é ir pro bar. Será?

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  2. Preta! Você é o típico vizinho antipático de Brasília! hehehe..

    E esse fato de comentar com o amigo sobre a mina é um clássico! E te garanto: acontece com homens e mulheres! affff

    Cara, só citei bar duas vezes. Sinceramente, acho que não tem só bar não. Só acho que as opções são caras e as vezes fecham muito cedo.

    ;)

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  3. Foram os brasilienses que me deixaram mais vizinho antipático, e isso é sinal dos tempos modernos. Cadê a galera do conjunto/quadra, de 10 anos atrás? Vale citar isso também...

    E você citou bar 3 vezes! RÁ!
    Xaropei?

    :p

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  4. Na verdade Gabi, você citou "bares" três vezes!
    E preta, a galera de conjunto/quadra de 10 anos atrás tem hoje 30 anos, talvez seja por isso que você não os encontre mais pela rua.... certo?
    O post ta irado, parabéns! Estou indo pra BSB conferir essa real de perto...

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  5. Preta! Xaropou! hehehe
    Scada! Boto fé, cara! Valeu! E chega aí! Yeah!

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  6. Scada, não to querendo dizer a mesma galera. To dizendo que hoje, em vez de a molecada estar na rua, tá todo mundo em casa no MSN e no Orkut. Em vez de eles estarem jogando fut no quadradão, tão jogando Winning Eleven online!
    Ah, e a minha galera dessa época eu reencontrei na Runway do lago... heheheh!

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  7. Belo post, Gabi! Parabens, futura jornalista! ;)

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  8. Total real o que voce mencionou Gabi! Comigo sempre rola essas coisas.. Brasilia é sinistra.. o pior que não é só em brasilia nao, ja teve vezes que eu ia pra cabo frio e via um carro com a placa de brasilia e ficava todo animado e quando via quem tava dentro era um broder que estudou comigo.. hahah.. Isso ja me aconteceu umas 3 vezes pelo menos! haha

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  9. Dedéee! Isso já rolou comigo também! Num posto no meio da estrada em Minas encontrei neguinho conhecido! Cabulasss!

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  10. Eu já encontrei pessoas conhecidas em São Paulo, num ambiente impróprio para menores de 18 anos, desses onde a Gabi é assediada e o Scada fica com a conta bancária no negativo...

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  11. velho, preta! tu tah me difamando em rede pública e internacional?! hehe
    e quando nego vai pra fora do país? já rolou essa lombra?

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